Quando falamos sobre "Brasileiro 66", estamos mergulhando em um dos períodos mais transformadores da cultura brasileira. O ano de 1966 marcou uma revolução tanto nos gramados quanto nos palcos musicais do país. Foi nesse ano que o futebol brasileiro viveu uma mudança de paradigma com o Campeonato Brasileiro, enquanto simultaneamente a música nacional conquistava o mundo através do grupo Brasil '66 de Sergio Mendes. Essa combinação única de eventos culturais criou um legado que perdura até os dias de hoje, influenciando gerações e moldando a identidade cultural do Brasil.
O termo "Brasileiro 66" ganhou significados múltiplos ao longo das décadas. Para os apaixonados por futebol, representa o Campeonato Brasileiro de 1966, originalmente chamado de Taça Brasil, que marcou a primeira grande conquista de um clube mineiro em nível nacional. Para os amantes da música, remete ao lendário grupo Brasil '66, que levou a bossa nova e o som brasileiro para o topo das paradas internacionais. Ambos os fenômenos compartilham uma característica fundamental: quebraram barreiras e expandiram os horizontes do que significava ser brasileiro no cenário mundial.
A Revolução do Futebol Brasileiro em 1966
O Campeonato Brasileiro de 1966 representou muito mais do que apenas mais uma temporada de futebol. Foi o momento em que o domínio absoluto dos clubes do eixo Rio-São Paulo começou a ser seriamente contestado. Até então, acreditava-se que apenas os times cariocas e paulistas possuíam estrutura e qualidade técnica para competir no mais alto nível. Essa mentalidade limitadora mantinha o futebol nacional concentrado geograficamente e restringia as oportunidades para talentos de outras regiões do país.
A edição de 1966 contou com vinte e dois clubes participantes, incluindo os campeões estaduais do ano anterior. A Confederação Brasileira de Desportos (CBD), entidade que comandava o futebol brasileiro na época, tinha o poder de convidar equipes adicionais caso houvesse desistências. O Santos, campeão do ano anterior, já estava classificado automaticamente, assim como os vencedores dos campeonatos estaduais. Essa estrutura criava expectativas tradicionais sobre quem chegaria às fases finais da competição.
O grande diferencial dessa edição foi a participação de clubes menores e de estados tradicionalmente menos representados no cenário nacional. O Flamengo e o Bangu, finalistas do Carioca de 1965, desistiram da competição, abrindo espaço para o Fluminense e para o Americano, representante do interior fluminense. Essa configuração inusitada permitiu que times de outras regiões tivessem mais visibilidade e oportunidades de mostrar seu futebol, criando um ambiente competitivo mais diversificado e democrático.
Cruzeiro: O Time Que Mudou a História do Futebol Nacional
A grande surpresa e protagonista do Brasileiro 66 foi o Cruzeiro, clube mineiro que apresentou ao país uma geração brilhante de jogadores. Liderado pelo jovem Tostão, que se tornaria um dos maiores ídolos do clube e da seleção brasileira, o Cruzeiro enfrentou nada menos que o poderoso Santos na final. O time santista era bicampeão mundial e contava com Pelé em seu elenco, além de outros craques que haviam conquistado a Copa do Mundo de 1962. A expectativa era de que o Santos confirmasse sua superioridade e conquistasse mais um título brasileiro.
Porém, o que aconteceu nos jogos finais surpreendeu todo o país. No primeiro confronto, realizado no Mineirão em Belo Horizonte, o Cruzeiro aplicou uma goleada histórica de 6 a 2 sobre o Santos. Foi uma atuação dominante que deixou claro que aquela não era apenas uma equipe promissora, mas um time pronto para fazer história. A torcida mineira explodiu em festa, mas ainda havia o jogo de volta em São Paulo, território onde o Santos raramente perdia e onde tinha total apoio da torcida local.
No segundo jogo da final, realizado em território paulista, o Cruzeiro mostrou não apenas talento técnico, mas também maturidade emocional. Mesmo jogando fora de casa e sob pressão intensa, o time mineiro venceu por 3 a 2, confirmando o título de forma indiscutível. Essa conquista não foi apenas mais um troféu para a galeria do clube, mas um divisor de águas na história do futebol brasileiro. O Cruzeiro provou que a qualidade técnica e a organização tática não eram exclusividade dos grandes centros, e que o interior do Brasil tinha muito a oferecer ao esporte nacional.
O Impacto Cultural da Conquista Mineira
A vitória do Cruzeiro no Brasileiro 66 teve repercussões que foram muito além dos aspectos esportivos. Esse título serviu como catalisador para uma integração nacional mais profunda no futebol brasileiro. Clubes de todos os estados começaram a ser vistos com mais seriedade, e o talento de jogadores do interior passou a ser mais valorizado e reconhecido. A hegemonia dos clubes do eixo Rio-São Paulo foi definitivamente quebrada, abrindo caminho para que times de outras regiões também conquistassem títulos nacionais nas décadas seguintes.
Outro aspecto fundamental foi o impacto na formação de atletas. Até 1966, muitos jogadores talentosos de estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e outros tinham que migrar para Rio de Janeiro ou São Paulo se quisessem alcançar reconhecimento nacional. Com a conquista do Cruzeiro, ficou evidente que era possível construir carreiras de sucesso permanecendo em clubes regionais, desde que estes investissem adequadamente em suas estruturas e categorias de base.
A conquista também influenciou a forma como o Campeonato Brasileiro seria estruturado nos anos seguintes. A CBD percebeu que havia um interesse genuíno do público em ver confrontos entre equipes de diferentes regiões do país, e isso contribuiu para a criação de formatos de competição mais inclusivos e abrangentes. O futebol brasileiro se tornou verdadeiramente nacional, não apenas no nome, mas na prática, com representantes de todo o território disputando títulos em igualdade de condições.
Brasil '66: Levando o Som Brasileiro Para o Mundo
Enquanto o futebol brasileiro passava por sua revolução nos gramados, a música nacional também experimentava uma transformação radical com o surgimento do grupo Brasil '66. Sergio Mendes, pianista e maestro carioca, já havia tentado carreira nos Estados Unidos com projetos anteriores, mas sem grande sucesso comercial. Seus álbuns de jazz brasileiro pela Atlantic Records tinham vendas modestas, e parecia que o sonho de conquistar o mercado americano estava cada vez mais distante.
A virada aconteceu quando Richard Adler, empresário experiente da indústria musical, sugeriu que Mendes reformulasse completamente seu projeto. A ideia era criar um grupo que cantasse tanto em português quanto em inglês, tornando a música brasileira mais acessível ao público americano. Para isso, Adler recomendou a contratação de duas cantoras americanas que pudessem aprender o português fonéticamente e trazer uma sonoridade que agradasse aos ouvidos norte-americanos. Assim nasceu o Brasil '66, nome que fazia referência direta ao ano de sua formação.
A formação original do Brasil '66 incluía Sergio Mendes ao piano, as vocalistas Lani Hall e Bibi Vogel (posteriormente substituída por Janis Hansen), Bob Matthews no baixo, José Soares na percussão e João Palma na bateria, com John Pisano como guitarrista convidado. Essa combinação de músicos brasileiros e americanos criou uma sonoridade única, que misturava a sofisticação da bossa nova com elementos do pop americano, resultando em um som fresco e inovador que conquistou imediatamente o público internacional.
O Sucesso Internacional e o Fenômeno "Mas Que Nada"
O primeiro grande sucesso do Brasil '66 veio com a música "Mas Que Nada", composição de Jorge Ben que já era conhecida no Brasil. A versão do grupo, gravada no álbum "Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil '66", tornou-se um fenômeno de vendas nos Estados Unidos. A música chegou ao topo das paradas, vendendo mais de um milhão de cópias e estabelecendo Sergio Mendes como uma das maiores estrelas brasileiras no cenário internacional. O sucesso foi tão grande que outras faixas do álbum também entraram no top 40 americano.
A estratégia de Mendes de adaptar canções brasileiras clássicas para arranjos mais acessíveis ao público americano provou ser extremamente eficaz. Ele trabalhou com composições de gigantes da música brasileira como Chico Buarque, Edu Lobo e Gilberto Gil, mas as apresentava com uma roupagem que combinava a autenticidade brasileira com a sofisticação pop americana. Essa abordagem não apenas tornou a música brasileira popular nos Estados Unidos, mas também ajudou a divulgar os compositores nacionais para uma audiência global.
O auge do sucesso do Brasil '66 veio em abril de 1968, quando Sergio Mendes foi convidado para se apresentar na cerimônia do Oscar. Ele interpretou "The Look of Love", música de Burt Bacharach e Hal David que estava indicada ao prêmio de melhor canção. A performance foi tão impactante que a versão do Brasil '66 rapidamente subiu para o quarto lugar nas paradas americanas, superando até mesmo a versão original de Dusty Springfield que estava na trilha sonora do filme "Cassino Royale". Essa apresentação consolidou definitivamente a posição de Mendes como um dos artistas brasileiros mais importantes da história.
Legado e Influência Duradoura do Brasileiro 66
O legado deixado pelos eventos de 1966 é imensurável tanto para o futebol quanto para a música brasileira. No esporte, a conquista do Cruzeiro abriu portas para que clubes de todo o país acreditassem em seu potencial e investissem em suas estruturas. Times como Internacional, Grêmio, Atlético Mineiro, Bahia e tantos outros se beneficiaram diretamente dessa mudança de mentalidade, conquistando títulos nacionais e internacionais nas décadas seguintes. O futebol brasileiro se tornou verdadeiramente diversificado e representativo de todas as regiões do país.
Na música, o Brasil '66 estabeleceu um modelo de como artistas brasileiros poderiam conquistar mercados internacionais sem perder sua identidade cultural. Sergio Mendes continuou renovando seu grupo ao longo das décadas, criando as formações Brasil '77, Brasil '86, Brasil '88 e Brasil '99, cada uma refletindo as tendências musicais de seu tempo. Ele ganhou um Grammy em 1993 pelo álbum "Brasileiro" e continuou relevante até fases mais recentes de sua carreira, colaborando com artistas como Black Eyed Peas e will.i.am no álbum "Timeless" de 2006.
O reconhecimento oficial do Campeonato Brasileiro de 1966 só veio em 2010, quando a CBF finalmente reconheceu a Taça Brasil daquele ano como o Campeonato Brasileiro oficial. Esse reconhecimento tardio não diminuiu a importância histórica da conquista do Cruzeiro, que já era celebrada pelos torcedores e pela imprensa esportiva como um marco divisor na história do futebol nacional. A decisão oficial apenas confirmou o que todos já sabiam: 1966 foi um ano revolucionário para o esporte brasileiro.
Conexões Entre Futebol e Música na Cultura Brasileira
É fascinante observar como o futebol e a música brasileira sempre caminharam lado a lado na construção da identidade cultural do país. Em 1966, ambas as manifestações culturais viveram momentos de ruptura com paradigmas estabelecidos e de expansão para novos territórios. Tanto o Cruzeiro quanto o Brasil '66 enfrentaram ceticismo inicial e tiveram que provar seu valor contra expectativas estabelecidas e preconceitos regionais ou comerciais.
A conquista do Cruzeiro e o sucesso do Brasil '66 compartilham narrativas semelhantes de superação e inovação. Ambos provaram que a excelência não está limitada a centros tradicionais de poder, seja no futebol ou na música. Eles demonstraram que com talento, organização e uma visão estratégica clara, é possível desafiar e superar gigantes estabelecidos. Essas histórias inspiraram gerações de atletas e músicos brasileiros a acreditarem em seu potencial e a buscarem seus sonhos sem se deixarem limitar por expectativas conservadoras.
Além disso, tanto o futebol de 1966 quanto a música do Brasil '66 ajudaram a projetar uma imagem positiva do Brasil no exterior. O Cruzeiro participou da Copa Libertadores de 1967 como representante brasileiro, levando o nome de Minas Gerais e do futebol nacional para toda a América do Sul. Enquanto isso, Sergio Mendes e seu grupo se apresentavam nos maiores palcos do mundo, incluindo a Casa Branca, onde tocaram para os presidentes Lyndon B. Johnson e Richard Nixon, e na Expo Mundial em Osaka, Japão, em 1970.
Lições Práticas Para Empreendedores e Criadores
As histórias do Brasileiro 66 oferecem lições valiosas que transcendem o futebol e a música, sendo aplicáveis a qualquer área de atuação. A primeira grande lição é sobre a importância de acreditar no próprio potencial mesmo quando todas as expectativas apontam para o contrário. O Cruzeiro não era favorito ao título, e Sergio Mendes havia experimentado fracassos comerciais antes de encontrar o formato certo para seu projeto. Ambos poderiam ter desistido, mas persistiram e encontraram o caminho para o sucesso.
Outra lição fundamental é sobre adaptação estratégica. Sergio Mendes poderia ter insistido em fazer música exclusivamente em português e nos formatos tradicionais do jazz brasileiro, mas entendeu que para conquistar o mercado americano precisava fazer adaptações. Isso não significou abandonar sua identidade brasileira, mas sim encontrar formas de apresentá-la de maneira mais acessível a uma nova audiência. O Cruzeiro, por sua vez, desenvolveu um estilo de jogo que combinava técnica brasileira com organização tática europeia, criando uma abordagem inovadora que surpreendeu adversários tradicionais.
A importância da formação de equipes qualificadas também fica evidente em ambas as histórias. O Cruzeiro não tinha apenas Tostão, mas um elenco completo de jogadores talentosos e bem treinados. Da mesma forma, o Brasil '66 não era apenas Sergio Mendes, mas uma combinação cuidadosamente montada de músicos brasileiros e americanos que se complementavam perfeitamente. O sucesso raramente é obra de indivíduos isolados, mas sim de equipes bem estruturadas onde cada membro contribui com suas habilidades específicas para o resultado final.
Como Aplicar os Princípios do Brasileiro 66 Hoje
Para aqueles que desejam aplicar as lições do Brasileiro 66 em seus próprios projetos, seja no esporte, na música ou em qualquer outro campo, existem princípios práticos que podem ser seguidos. Primeiro, é essencial fazer uma análise realista da situação atual e identificar tanto os pontos fortes quanto as áreas que precisam de desenvolvimento. O Cruzeiro sabia que tinha jogadores jovens e talentosos, mas também investiu em preparação tática e física. Sergio Mendes reconheceu que sua música era boa, mas precisava de uma apresentação diferente para o mercado internacional.
Em segundo lugar, não tenha medo de inovar e quebrar com tradições estabelecidas quando necessário. O futebol brasileiro era dominado por uma mentalidade conservadora que favorecia clubes de grandes centros. O Cruzeiro desafiou isso construindo um time competitivo em Belo Horizonte. A música brasileira também tinha suas convenções, mas Mendes não hesitou em misturar bossa nova com pop americano, criando algo novo e emocionante. A inovação muitas vezes é a chave para superar competidores estabelecidos.
Terceiro, busque parcerias estratégicas que possam amplificar seus resultados. Sergio Mendes teve o apoio crucial de Herb Alpert e Jerry Moss da A&M Records, que não apenas ofereceram recursos mas também compartilharam sua experiência e rede de contatos. O Cruzeiro beneficiou-se de uma direção competente que soube montar um elenco equilibrado e contratar profissionais qualificados para a comissão técnica. Nenhum grande feito é alcançado isoladamente; parcerias certas podem fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso.
A Importância do Reconhecimento e da Preservação Histórica
Um aspecto interessante do Brasileiro 66 é a questão do reconhecimento histórico. O Campeonato Brasileiro de 1966 só foi oficialmente reconhecido pela CBF em 2010, mais de quarenta anos após sua realização. Esse reconhecimento tardio levanta questões importantes sobre como preservamos e valorizamos nossa história esportiva e cultural. Muitas conquistas e realizações importantes podem passar despercebidas ou ser subestimadas em seu próprio tempo, ganhando o devido reconhecimento apenas décadas depois.
Para os fãs de futebol e história do esporte, é fundamental documentar e celebrar esses momentos marcantes adequadamente. A conquista do Cruzeiro em 1966 sempre foi celebrada pelos torcedores mineiros e por aqueles que acompanharam de perto aquela temporada, mas o reconhecimento oficial trouxe uma validação adicional e garantiu que as gerações futuras conhecessem essa história importante. Da mesma forma, o legado do Brasil '66 continua vivo através de reedições dos álbuns clássicos e de novos artistas que se inspiram naquele som único.
A preservação da memória cultural também passa pelo trabalho de historiadores, jornalistas, pesquisadores e entusiastas que se dedicam a registrar e compartilhar essas histórias. Sem esse trabalho contínuo de documentação, muitos detalhes importantes sobre o Brasileiro 66 poderiam ter se perdido com o tempo. É responsabilidade de cada geração garantir que as próximas tenham acesso a essas narrativas inspiradoras que ajudam a formar a identidade coletiva de um povo.
Dicas Para Quem Quer Conhecer Mais Sobre o Brasileiro 66
Se você ficou fascinado pelas histórias do Brasileiro 66 e quer se aprofundar mais nesse universo, existem várias formas de expandir seu conhecimento. Para os interessados no aspecto futebolístico, recomendo buscar documentários e livros sobre a história do Cruzeiro e do Campeonato Brasileiro daquele período. Muitos desses materiais incluem entrevistas com jogadores que participaram daquela conquista histórica, oferecendo perspectivas privilegiadas sobre os bastidores da campanha vitoriosa.
No campo musical, a discografia do Brasil '66 está amplamente disponível em plataformas de streaming como Spotify e Apple Music. Comece pelo álbum inaugural "Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil '66" e preste atenção especial em "Mas Que Nada" e outras faixas que se tornaram clássicos instantâneos. Depois, explore os álbuns subsequentes para perceber como o som do grupo evoluiu ao longo dos anos, sempre mantendo aquela essência única que combinava Brasil e Estados Unidos de forma harmoniosa.
Para uma compreensão mais profunda do contexto cultural da época, vale a pena estudar o cenário brasileiro dos anos 1960 como um todo. Foi um período de grandes transformações sociais, políticas e culturais no país. O movimento da bossa nova estava no auge, a Tropicália começava a surgir, e o futebol brasileiro ainda se recuperava do trauma da Copa de 1966 na Inglaterra. Entender esse contexto mais amplo ajuda a apreciar melhor as conquistas específicas do Brasileiro 66 e seu significado histórico.
O Brasileiro 66 e a Identidade Nacional
Tanto o futebol quanto a música são elementos fundamentais da identidade brasileira, e os eventos de 1966 contribuíram significativamente para moldar como o Brasil se via e era visto pelo mundo. A conquista do Cruzeiro representou uma democratização do futebol nacional, mostrando que talento e organização não eram monopólio dos grandes centros urbanos. Isso refletia, de certa forma, o desejo do país de ser mais integrado e menos centralizado, uma aspiração que ia além do esporte e tocava em questões políticas e sociais mais amplas.
O sucesso do Brasil '66 internacionalmente também teve um impacto profundo na autoestima nacional. Ver um grupo brasileiro conquistar o topo das paradas americanas e se apresentar na cerimônia do Oscar era motivo de orgulho para todo o país. Sergio Mendes se tornou um embaixador cultural informal do Brasil, apresentando ao mundo não apenas a música brasileira, mas também elementos da cultura, da alegria e da criatividade que caracterizam o povo brasileiro. Cada apresentação internacional era uma oportunidade de mostrar o melhor do Brasil para audiências globais.
Essa combinação de sucesso esportivo e musical ajudou a criar uma narrativa positiva sobre o Brasil em um período de turbulências políticas internas. Enquanto o país enfrentava desafios com o regime militar que havia tomado o poder em 1964, o futebol e a música ofereciam momentos de alegria e união nacional. O Brasileiro 66, em suas múltiplas manifestações, representava o que havia de melhor no país: talento, criatividade, superação e capacidade de inovar.
Conclusão: O Legado Permanente do Brasileiro 66
Ao refletirmos sobre o Brasileiro 66 quase seis décadas depois, fica claro que aquele ano representa muito mais do que apenas conquistas isoladas no futebol e na música. Foi um momento de transformação cultural profunda que redefiniu possibilidades e expandiu horizontes. O Cruzeiro provou que clubes de fora do eixo Rio-São Paulo podiam competir e vencer no mais alto nível. Sergio Mendes demonstrou que a música brasileira podia conquistar o mundo sem perder sua essência. Ambas as realizações continuam inspirando novas gerações.
As lições práticas que podemos extrair dessas histórias são atemporais: acredite em seu potencial mesmo contra todas as probabilidades, esteja disposto a inovar e adaptar-se quando necessário, construa equipes qualificadas e busque parcerias estratégicas, e nunca subestime a importância do trabalho duro e da preparação meticulosa. Esses princípios se aplicam não apenas ao futebol e à música, mas a qualquer empreendimento humano que busque alcançar excelência e superar limitações.
O Brasileiro 66 nos ensina que grandes realizações muitas vezes vêm de lugares e pessoas inesperadas. Não deixe que expectativas limitadas ou preconceitos estabelecidos definam o que você pode alcançar. Assim como o Cruzeiro surpreendeu o país ao vencer o Santos, e como o Brasil '66 conquistou o mundo partindo de um formato aparentemente improvável, você também pode superar obstáculos e alcançar seus objetivos se tiver visão clara, trabalho dedicado e coragem para desafiar o status quo.
FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Brasileiro 66
1. O que foi exatamente o Brasileiro 66?
O termo "Brasileiro 66" se refere a dois fenômenos culturais importantes de 1966: o Campeonato Brasileiro de Futebol (originalmente chamado Taça Brasil) vencido pelo Cruzeiro, e o grupo musical Brasil '66 liderado por Sergio Mendes. Ambos representaram momentos de transformação e expansão em suas respectivas áreas.
2. Por que a conquista do Cruzeiro em 1966 foi tão importante?
A vitória do Cruzeiro foi histórica porque quebrou a hegemonia dos clubes do eixo Rio-São Paulo no futebol brasileiro. Foi a primeira vez que um clube mineiro conquistou um título nacional de grande expressão, provando que a qualidade técnica não era exclusividade dos grandes centros e abrindo caminho para maior diversidade no futebol nacional.
3. Qual foi o sucesso mais importante do Brasil '66?
"Mas Que Nada", composição de Jorge Ben na voz do Brasil '66, foi o maior sucesso do grupo. A música chegou ao topo das paradas americanas, vendeu mais de um milhão de cópias e estabeleceu Sergio Mendes como uma estrela internacional. A performance de "The Look of Love" no Oscar de 1968 também foi um marco importante.
4. Sergio Mendes ainda está ativo musicalmente?
Sergio Mendes manteve carreira ativa por décadas, constantemente reinventando seu som e colaborando com novos artistas. Ele ganhou um Grammy em 1993 e lançou o aclamado álbum "Timeless" em 2006, com participações de Black Eyed Peas e outros artistas contemporâneos, provando sua relevância contínua.
5. Quando o Campeonato Brasileiro de 1966 foi oficialmente reconhecido?
Apesar de ser considerado o campeonato brasileiro já na época de sua disputa, o reconhecimento oficial pela CBF só veio em 2010. Esse reconhecimento tardio formalizou o que os torcedores e especialistas sempre souberam: a Taça Brasil de 1966 foi o Campeonato Brasileiro daquele ano.
6. Quais músicos fizeram parte da formação original do Brasil '66?
A formação original incluía Sergio Mendes (piano), Lani Hall e Bibi Vogel como vocalistas (Bibi foi depois substituída por Janis Hansen), Bob Matthews (baixo), José Soares (percussão), João Palma (bateria) e John Pisano (guitarra). Essa mistura de músicos brasileiros e americanos criou o som característico do grupo.
7. Como posso ouvir as músicas do Brasil '66 hoje?
A discografia completa do Brasil '66 está disponível nas principais plataformas de streaming como Spotify, Apple Music e YouTube. Os álbuns clássicos como "Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil '66" e "Look Around" são bons pontos de partida para conhecer o trabalho do grupo.
8. O Cruzeiro participou de competições internacionais após vencer em 1966?
Sim, como campeão brasileiro de 1966, o Cruzeiro foi indicado para representar o Brasil na Copa Libertadores de 1967. O Santos, que também tinha vaga garantida, desistiu da competição para priorizar o Torneio Roberto Gomes Pedrosa e amistosos internacionais, deixando o Cruzeiro como único representante brasileiro naquela edição.
9. Qual o impacto cultural do Brasileiro 66 para além do futebol e da música?
O Brasileiro 66 representou uma democratização cultural mais ampla, mostrando que talento e excelência não eram exclusividade de determinadas regiões ou classes sociais. Tanto o Cruzeiro quanto o Brasil '66 quebraram barreiras e expandiram as possibilidades do que significava ser brasileiro, influenciando positivamente a autoestima nacional e a percepção internacional sobre o Brasil.
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