Um dos maiores ídolos do Corinthians, onde foi fundamental na conquista do Brasileirão de 1990, e também destaque no Guarani, José Ferreira Neto, ou simplesmente Neto, teve uma passagem discreta pelo Santos FC no segundo semestre de 1994, período em que disputou o Campeonato Brasileiro e a Supercopa da Libertadores.
Talento sempre tive, mas disciplina e foco fazem toda a diferença para ter uma carreira consistente.
Conhecido pelo seu chute venenoso e temperamento explosivo, Neto, que além do Corinthians, já havia passado por São Paulo e Palmeiras, não vivia um bom momento desde o Campeonato Paulista de 1993, quando o Timão perdeu o título para o Palmeiras.
Com a chegada de Mário Sérgio, o meia foi negociado com o Millonarios de Bogotá. Após um semestre na Colômbia, o jogador foi contratado pelo Atlético Mineiro, que montou um elenco recheado de estrelas, apelidado de 'Selegalo', mas que não obteve sucesso.
Buscando um jogador de peso para reverter a má fase, o presidente Miguel Kodja Neto trouxe Neto, então com 28 anos, para reforçar o elenco do Alvinegro, comandado por Serginho Chulapa.
Aqui vale uma explicação: sob o comando de Pepe, o Santos chegou a ficar na lanterna do Paulistão de 1994, mas após a chegada do ex-centroavante, o time teve uma arrancada impressionante, finalizando a competição em quarto lugar.
A torcida, no entanto, recebeu a contratação com desconfiança—e com razão! Fazia um ano que Neto não apresentava boas atuações, enfrentava problemas musculares e ainda lutava contra a balança, algo recorrente desde os tempos de Corinthians. No fim, os torcedores estavam certos.
Durante sua curta passagem pelo Peixe, Neto, que iniciou sua carreira no Remo, disputou apenas 18 jogos, marcando três gols.
Um deles, porém, foi especial: na derrota para o Corinthians por 2 a 1, em 16 de novembro, o meia anotou um belíssimo gol contra seu ex-clube. Os outros dois gols foram contra o Bahia, em cobrança de falta, e contra o Vasco da Gama, também no Pacaembu.
O segundo semestre de 1994 foi difícil para o Santos. O clube até brigou por uma vaga no mata-mata do Brasileirão, mas devido ao confuso regulamento, terminou apenas em nono lugar na classificação geral. Na Supercopa da Libertadores, o Alvinegro Praiano caiu na primeira fase, eliminado pelo Independiente da Argentina.
Ao final do ano, com a mudança na presidência—Miguel Kodja foi destituído e Samir Abdul Hack assumiu—, a nova gestão optou por reduzir a folha salarial. Como Neto tinha um dos maiores salários e seu desempenho não foi satisfatório, ele foi dispensado. O jogador seguiu para o Lousano Paulista, de Jundiaí, para disputar a Série A-2 do Campeonato Paulista de 1995.
Estreia
Na segunda metade de 1994, Neto foi contratado pelo Santos FC, chegando ao clube com a expectativa de se tornar uma peça-chave no meio de campo. Sua estreia aconteceu em um duelo contra o Remo, uma partida que marcou o início de sua curta trajetória no time.
Desde os primeiros minutos, sua qualidade nas cobranças de falta chamou a atenção, um talento que já havia sido comprovado em passagens anteriores por grandes clubes do Brasil.
Mesmo sem viver sua melhor fase física e técnica, Neto demonstrou sua capacidade de distribuir passes precisos e criar oportunidades ofensivas para a equipe.
O jogo de estreia serviu para mostrar que, apesar dos desafios, ele ainda possuía um repertório de jogadas diferenciadas, sendo uma aposta da diretoria para melhorar o desempenho do Peixe na temporada.
Entretanto, a adaptação ao estilo de jogo do Santos não foi tão rápida. O meia precisou de tempo para se entrosar com os companheiros e encontrar seu espaço na equipe titular. Embora a estreia tenha sido razoável, os meses seguintes revelariam que sua passagem pelo clube não corresponderia totalmente às expectativas.
Problemas físicos
Desde sua chegada ao Santos, Neto enfrentou dificuldades para manter uma boa condição física. O jogador já vinha de um período instável, acumulando problemas musculares que afetavam sua mobilidade e explosão dentro de campo. Além disso, sua luta contra o sobrepeso era constante, algo que havia sido um desafio desde seus tempos no Corinthians.
Durante os treinos, os preparadores físicos tentavam ajustar seu desempenho, mas a irregularidade persistia. O desgaste acumulado ao longo dos anos tornou difícil para ele recuperar seu melhor nível.
A falta de sequência de jogos também prejudicou seu rendimento, impedindo que alcançasse uma forma ideal para corresponder às expectativas do torcedor santista.
Apesar de ser um jogador talentoso e experiente, os problemas físicos limitaram suas atuações. Neto apresentava lampejos de genialidade em algumas partidas, mas seu impacto era inconsistente.
Essa instabilidade contribuiu para que sua passagem pelo Peixe fosse marcada mais por frustrações do que por grandes feitos.
Gols marcantes
Mesmo sem desempenhar o futebol de suas melhores fases, Neto conseguiu marcar três gols enquanto vestia a camisa do Santos.
Um deles foi especialmente simbólico: no dia 16 de novembro de 1994, enfrentando o Corinthians, clube onde se tornou ídolo, ele anotou um gol de grande beleza. Apesar da derrota do Peixe por 2 a 1, seu feito mostrou que, mesmo em baixa, ainda possuía qualidade técnica.
Além desse gol contra seu ex-clube, Neto também deixou sua marca contra o Bahia, em uma cobrança de falta precisa, e contra o Vasco da Gama, ambos em partidas disputadas no Pacaembu.
Suas finalizações demonstraram que seu chute continuava potente, sendo um diferencial em momentos específicos.
Porém, esses momentos de brilho foram isolados, sem o impacto necessário para consolidar sua passagem pelo clube.
A irregularidade em campo e a falta de sequência atrapalharam sua trajetória, impedindo que se tornasse um jogador fundamental para o Santos naquela temporada.
Supercopa da Libertadores
O Santos iniciou a Supercopa da Libertadores com esperanças de realizar uma campanha competitiva, mas a realidade dentro de campo foi diferente.
A equipe enfrentou dificuldades desde o começo da competição, com atuações abaixo do esperado e pouca eficiência ofensiva. Neto, que poderia ser um fator de desequilíbrio, não conseguiu desempenhar um papel decisivo.
Na primeira fase, o Peixe foi eliminado pelo Independiente da Argentina, clube tradicional e experiente no torneio. O confronto foi marcado por um desempenho irregular da equipe santista, que não encontrou soluções para superar a marcação adversária e acabou caindo precocemente na competição.
A eliminação foi um dos pontos baixos da temporada para o Santos, reforçando a necessidade de mudanças no elenco. Neto, assim como outros jogadores, não conseguiu entregar o futebol esperado, contribuindo para a frustração dos torcedores e da diretoria.
Fim da passagem
Com o encerramento da temporada, o cenário no Santos FC passou por modificações.
O então presidente Miguel Kodja Neto foi destituído do cargo, dando lugar a Samir Abdul Hack, que assumiu a diretoria e implantou uma nova estratégia administrativa.
Entre suas primeiras decisões, estava a reestruturação financeira do clube, visando reduzir custos com salários elevados.
Como Neto possuía um dos vencimentos mais altos do elenco e não conseguiu justificar seu investimento com atuações convincentes, sua saída do clube se tornou inevitável.
A diretoria optou por dispensá-lo ao final de 1994, encerrando sua breve passagem pelo Peixe.
Sem grandes conquistas e sem conseguir se firmar na equipe, Neto saiu do Santos sem deixar uma marca expressiva. O jogador ainda procuraria novos desafios, tentando reviver sua carreira em clubes de menor expressão.
Destino após o Santos
Após sua saída do Santos, Neto buscou uma nova oportunidade para seguir sua trajetória no futebol.
No início de 1995, acertou sua transferência para o Lousano Paulista, equipe de Jundiaí, que disputava a Série A-2 do Campeonato Paulista. A mudança representava um recomeço, longe dos holofotes dos grandes clubes nacionais.
No Lousano Paulista, Neto encontrou um ambiente menos exigente, onde poderia recuperar sua forma física e tentar retomar sua melhor versão como jogador.
Apesar da expectativa de que se tornasse um dos protagonistas da equipe, suas dificuldades físicas ainda persistiam, limitando seu desempenho.
Embora não tenha alcançado grande sucesso no novo clube, a passagem pelo Lousano Paulista foi mais uma tentativa de prolongar sua carreira profissional.
Aos poucos, sua trajetória no futebol foi se aproximando do final, deixando para trás os anos de brilho que viveu em clubes como Corinthians e Guarani.
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